quarta-feira, 10 de junho de 2009

Minha vida de Mata Hari



Meninas, voltei!
Imagino que estejam loucas para saber como aconteceu o desfecho da minha (e por que não dizer nossa?) aventura.
Mata Hari deve estar morrendo inveja, esteja onde estiver.
Vocês que tem acompanhado minha incipiente carreira de investigadora já há algum tempo sabem da história toda. Mas sempre tem aquelas preguiçosas que não lêem tudo que escrevo, além das novas visitantes, claro.
Por isso vou resumir.
Lembram do Ramirez, aquele do caso das gêmeas tailandesas? Então. Foi ele que apresentou o Olívio, meu sócio, para um tal Tancredo Murtinho dono da DigiThings. (como sempre os nomes e lugares são fictícios para não comprometer ninguém).
O Tancredo está (estava!) com um problema daqueles. Ele andava encafifado com o fato de não ganhar uma concorrência do governo há meses, até que um amigo, trabalhando em um dos seus competidores, avisou que as propostas da DigiThings estavam sendo oferecidas no mercado a peso de ouro, muito antes de serem apresentadas.
Um caso típico de espionagem. Prejuízo de montão e nenhum suspeito.
Foi quando o Ramirez recomendou o Olívio para o Tancredo e nós começamos a trabalhar. O Olívio do lado de fora e eu por dentro da empresa, camuflada como assistente do Tancredo.
Não vou repetir a história toda de como segui aquela pista falsa que levava àquele engenheiro de bundinha arrebitada e que terminou dando em nada, numa sauna mista lá em Moema. Nem como minha perspicácia (yeesss!!) nos colocou na trilha certa ao desconfiar do advogado da companhia, que eu chamei aqui de Gregório.
E quem leu minha última postagem sabe que Olívio e Tancredo estavam armando uma arapuca para o sem-vergonha enquanto eu, para adiantar o expediente e já adivinhando que o final ia mesmo envolver sedução, atraía o cara para a minha teia (adoro ter nascido uma femme fatale...).
Vocês já sabem como ele copiou os papéis e os levou para o seu apartamento na cidade. O mesmo para onde estava tentando me arrastar há semanas.
O Tancredo decidiu que não chamaria a polícia. Um escândalo não faria bem a ninguém. Mas se pudesse esfregar a prova do crime na cara do Gregório poderia demiti-lo e ainda garantir que não arrumasse emprego em nenhuma outra companhia grande.
E eu disse que sabia como fazer isso.

E agora, o final da novela...


ÿ


Peguei o Gregório na sala do cafezinho. Foi só abrir um botão e passar a mão na barriga dele. Ele me deu o endereço e marcamos para as sete. Ele sugeriu que eu colocasse o carro numa das vagas de visitantes do prédio. Fingi concordar, mas na verdade estacionei na rua mesmo. Não sabia com que pressa eu ir ter que sair de lá.
O prédio era bastante luxuoso, ali no Morumbi. Luxuoso demais para um advogado da classe dele. Mas o apartamento era pequeno: sala, cozinha, banheiro e uma suíte. O típico matadouro, como diria papai.
A intuição me dizia que, se houvesse alguma coisa escondida lá, estaria no quarto.
Essa foi a parte fácil. Minha conduta de mulher-recatada-a-perigo-e-louca-pra-dar pagou dividendos (o Nélio, meu marido, chama o gênero de crente-do-rabo-quente). Pedi com aquela vozinha de titibitate que esperasse enquanto eu tomava banho sozinha, agarrei minha bolsa e corri para a suite. Enquanto minha vergonha justificava a porta trancada eu tirei a roupa, abri o chuveiro e comecei a trabalhar.
Não demorou para encontrar a muamba. Estava em uma caixa no guarda roupa. Por cima um monte de papeis velhos. Por baixo uma pasta grossa com todas as provas. Todinhas. Uma dúzia de documentos – todos cópias de propostas da DigiThings – cuidadosamente arrumados em ordem cronológica.
Guardei tudo na minha Louis Vuitton e fui tomar banho. Depois destranquei a porta em silêncio e fui posar nua em frente ao espelho. Hora da diversão.



ÿ


Meninas. Eu podia sair dali hora que quisesse. Já havia preparado minha escapada, como vocês verão. Mas o Gregório é cafajeste, ladrão e gostoso. Quem resiste? Eu tinha pelo menos que tirar uma casquinha. Não ia me contentar com um nice job do Tancredo nem com um “essa é minha garota” do Olívio. Eu quero meu bônus em prazer.
Então quando ele entrou com os drinques e derramou um pouco de martini no bico do meu seio eu resolvi fazer dele meu escravo.
Não sei quanto tempo ficamos na cama. Mas botei-o numa gangorra, num sobe e desce daquele pinto que vocês iam ficar com inveja se eu contasse. Detalhes? Conto lá no Genial, meninas, que o Nélio pode passar por aqui um dia e ler (risos). Vocês sabem que quando ele me pede pra ler o meu blog eu digo que escrevo lá no Prozac Café, sob um pseudônimo japonês.
Mas daí chegou uma hora em que tive de me decidir. O Gregório podia pular sobre mim e me estuprar a qualquer momento. Não que não fosse desejável, mas resolvi que o calhorda não merecia este corpitcho que Deus me deu.
Então meu ato final, minha opus magna, meu momento de Fernanda Montenegro.
O salafrário tem no escritório um monte de fotografias, dessas que se põe em cima do móvel. A maioria dele próprio. Ele esquiando, ele montando um cavalo, ele apertando a mão do Paulo Maluf. Roubei uma dias atrás. A mesma que estava agora na gaveta do criado-mudo.
Virei-me para pegar as bebidas e, num ato estudadíssimo de uma estabanada entornei os dois martinis sobre o móvel. Já me preparando para a fuga sentei na cama e abri a gaveta, com o pretexto de salvar da bebida o seu conteúdo. Qual não foi minha “surpresa” ao encontrar a fotografia dele com mulher e filha!
Fiz um escândalo ao “descobrir” que ele era casado. Não sei descrever a cara do sujeito. Não tenho habilidade para tanto. Por isso deixo à imaginação de vocês, queridas leitoras.
O final foi um pano rápido. Peguei o que era meu e me mandei enrolada na toalha.
No elevador vesti a saia e a blusa, sem nada por baixo mesmo. Calcei os sapatos e o resto eu na bolsa.
Ao sair coroei minha performance atirando um beijinho no ar para o garoto da portaria que, tendo visto tudo pelo o que aconteceu no elevador pelo circuito fechado deve estar se masturbando até agora.


ÿ


E assim terminou, caras leitoras, mais uma aventura de Belinha, a Mata Hari de Pinheiros.
Agora me dêem licença que está vindo um cheiro delicioso lá da cozinha. O coq au vin do Nélio é irresistível. Vou jantar com meu maridinho e depois arrastar ele e uns martinis para o quarto que eu estou precisada...